Durante a semana passada consegui visitar alguma da realidade que me rodeava. Toda a gente sabe que fomos vítimas de uma tragédia nos últimos dias: dezenas de pessoas morreram, dezenas de pessoas ficaram feridas e foram milhares os prejuízos que os incêndios causaram.
O que vi ao longo desta minha viagem foi como a paisagem de um lado é de um verde maravilhoso e do outro é de um castanho tão sem vida. Vemos isso no São Bento da Porta Aberta.
A vista de um lado
A vista do outro lado
No entanto, não fiquei por aqui. E a "paisagem" que mais me surpreendeu pela negativa foi no Santuário do Sameiro. Desde pequenina que me lembro das estradas que passava para chegar ao Santuário e depois das estradas que me levavam até casa. O monte da estrada da Falperra estava completamente ardido, não sobrou uma única árvore. Foi devastador a forma como tudo aconteceu e continua a ser devastador passar por lá. Ainda cheira a queimado, uma semana depois e ainda continua a cheirar a queimado. Deparei-me com isto...
(Como estava a filmar, não consegui fotografar grande coisa, mas acho que dá para perceber.)
(Fica aqui também a vista para o monte do Santuário do Sameiro)
O brilho verde perdeu-se e foi substituído por um mar de castanho intenso. Não consigo arranjar mais palavras para descrever tudo isto. É demasiado devastador.
Ontem o país estava a arder. E um bocadinho de todos nós ardeu com ele. O coração estava apertado. A sensação de impotência nestas alturas assombra a nossa vida e não há nada que possamos fazer para a contornar.
"31 pessoas mortas até ao momento"; "Viseu é o distrito com mais mortos nos incêndios"; "Pinhal de Leiria já não existe: cerca de 80% de mata verde ardeu"; "Chamas incontroláveis em Monção". São estas algumas das notícias com que nos deparamos no dia de hoje. Isto é normal? Não, isto é uma vergonha! As pessoas que nos deviam guiar, que nos deviam liderar, dizem-nos que não podemos esperar que os bombeiros resolvam esta situação, estão a dizer-nos que nós devemos fazer mais. Fazer mais como? Com a mangueira do vizinho que não chega para nada? Com o tanque que está vazio? Com os braços doridos de tanto carregar baldes de água? Tenham vergonha na cara! A culpa não é minha, nem dos meus vizinhos, nem das pessoas que vivem em Portugal e muito menos dos bombeiros. A culpa é dos nossos governantes que nada fazem para recuperar o que foi perdido, que nada fazem para inverter situações como esta. A culpa é deles!
Ontem vi a minha cidade a arder. A cidade mais bonita do mundo para mim estava em chamas. E eu senti-me impotente, porque não consegui fazer mais do que fiz. Como é que vai ficar a maravilhosa área verde que via todos os dias de manhã?
Braga, sê forte! Portugal, sê forte!
publicado às 15:30
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Chamo-me Daniela. Pertenço ao grupo das pessoas que não gostam do primeiro nome. Tenho 24 anos.
Ainda não sou casada e não tenho filhos. Gostava de dizer que tenho três ou quatro discos de platina, mas não gosto de mentir.
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